Devo começar por dizer que isto das "minhas cuecas" não é uma ideia, inteiramente, minha. Surgiu impulsionada por um workshop, promovido pelo meu curso no âmbito do processo criativo do artista. Esta ideia sugere que expôr o processo criativo é expôr as cuecas (a nossa intimidade). Para chegar a esta metáfora brilhante foram precisas 5 cabecinhas em constante agitação e discussão. Como é óbvio, a nossa performance não fica por aqui, mas é nisto que pego para escrever o que se segue.
Há uns anos, no Secundário, tentámos definir o que seria uma obra de arte. Não chegámos, propriamente, a conclusão nenhuma. No entanto, a ideia de uma obra de arte ser uma mensagem aberta que se fecha em cada um de nós, espectadores, tornando-se só aí, ao serviço do público, uma obra completa, é deveras tentadora. Isto quer dizer que a mais preciosa das obras, quando não é partilhada, não é arte. É, vá, "metade da obra de arte" ou o "início da obra de arte".
O artista, ao criar, não vou dizer que quer sempre transmitir uma mensagem concreta, isso é intelectualizar a arte, que deve ser espontânea ou, pelo menos, genuína. Mas quer provocar algo no espectador. Seja admiração pelo seu trabalho, seja estupefacção, seja repugnância, o artista cria sempre uma reacção no público e só assim se sente completo. Mas afinal de contas, o que é este querer, este desejo, tão implícito no processo criativo e por vezes tão subtil na obra, se não o impulsionador da arte, o que move os artistas? Ver a sua obra reconhecida não é vaidade ou a procura da fama, é apenas vê-la acabada.
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