quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Mas que raio de democracia é esta? ou O elogio do "acho mal"

Acho mal haverem debates em que, em vez de alternativas, só se ouvem ataques.
Acho mal haverem pessoas que acordam para o estado do, vá, país, apenas nestas alturas e baseiam as suas opiniões pelo que vêem na televisão.
Acho mal haverem pessoas que não lêem programas eleitorais nem estão minimamente familiarizadas com as políticas dos partidos em que votam.
Acho mal haverem pessoas que encaram os partidos políticos como clubes de futebol.
Acho mal haverem reportagens sobre o dia-a-dia dos políticos.
Acho mal haverem eleitores que votam na pessoa em detrimento do partido, qual rebanho à procura de pastor.
Acho mal haverem opinion makers e comentadores políticos que ditam decisões.
Acho mal haverem taxistas de opinião, que influenciam tanto ou mais que os ilustres indivíduos supra citados, porque sabem tudo sobre tudo.
Acho mal haverem fait divers que desviam as atenções do que realmente importa.
Acho mal haverem oportunismos políticos.
Acho mal haverem maiorias absolutas aka asfixia democrática.
Acho mal haverem pessoas que falam, falam e não votam, mesmo aquelas que pretendem, com isso, marcar uma posição.
Acho mal haverem pressões entre comunicação social e política, de parte a parte.
Acho mal haverem febres de campanha eleitoral, porque afinal o que interessa não são duas semanas de pseudo-intelecto-politiquices.
E, por hoje, neste nosso contexto, é só a isto que acho mal.

As minhas cuecas

Devo começar por dizer que isto das "minhas cuecas" não é uma ideia, inteiramente, minha. Surgiu impulsionada por um workshop, promovido pelo meu curso no âmbito do processo criativo do artista. Esta ideia sugere que expôr o processo criativo é expôr as cuecas (a nossa intimidade). Para chegar a esta metáfora brilhante foram precisas 5 cabecinhas em constante agitação e discussão. Como é óbvio, a nossa performance não fica por aqui, mas é nisto que pego para escrever o que se segue.

Há uns anos, no Secundário, tentámos definir o que seria uma obra de arte. Não chegámos, propriamente, a conclusão nenhuma. No entanto, a ideia de uma obra de arte ser uma mensagem aberta que se fecha em cada um de nós, espectadores, tornando-se só aí, ao serviço do público, uma obra completa, é deveras tentadora. Isto quer dizer que a mais preciosa das obras, quando não é partilhada, não é arte. É, vá, "metade da obra de arte" ou o "início da obra de arte".
O artista, ao criar, não vou dizer que quer sempre transmitir uma mensagem concreta, isso é intelectualizar a arte, que deve ser espontânea ou, pelo menos, genuína. Mas quer provocar algo no espectador. Seja admiração pelo seu trabalho, seja estupefacção, seja repugnância, o artista cria sempre uma reacção no público e só assim se sente completo. Mas afinal de contas, o que é este querer, este desejo, tão implícito no processo criativo e por vezes tão subtil na obra, se não o impulsionador da arte, o que move os artistas? Ver a sua obra reconhecida não é vaidade ou a procura da fama, é apenas vê-la acabada.

domingo, 13 de setembro de 2009

Avante, Camarada!

De há uns anos para cá que o mês de Setembro, para mim, mudou de significado. De odioso mês do começo da trabalheira transformou-se no esperado e ansiado mês da Festa. Não vou gastar muito tempo a gabá-la porque o melhor é mesmo ir, nem a descrevê-la porque é sempre uma tentativa falhada. Perguntaram-me, há uns dias, o que fazia do Avante um evento tão diferente dos demais festivais. Primeiro, não soube bem o que dizer, a comparação incomparável apanhou-me desprevenida, mas, realmente, o que faz essa diferença? O que respondi foi "é o espírito, o convívio". E sim, penso que seja isso. Nunca vi, num Sudoeste, crianças, adolescentes, jovens, adultos, velhotes (não gosto da palavra "idosos") a vibrarem, pularem, cantarem, partilharem pequenos momentos de alegria ao som de músicas simbólicas. Claro que nada bate a convidativa Carvalhesa que faz furor de todas as milhentas vezes que passa, mas o arrepio na espinha provocado pela Internacional e a fraternidade inerente à Avante Camarada, não deixa ninguém indiferente. A simpatia, o empenho, o esforço e o trabalho pairam no ar, entranham-se, envolvem-nos e deixam-nos experimentar o forte laço da união. Somos um. Somos milhares. É bom. É festa, é a Festa.

http://www.youtube.com/watch?v=3ILYx0qewm0